CRIANÇAS
ACUSADAS DE FEITICEIRAS
Os fundamentos que levam os adultos a
acusarem as crianças de feiticeiras têm muito a ver as atitudes que
as mesmas demonstram no seu quotidiano, durante as interacções que
vão trocando no meio familiar e comunitário. À uma determinada
altura e devido a comportamentos normais de crianças como a
inquietude, dispersão, indolência e agressividade os
familiares vêem na peculiaridade da criança comportamentos
distintos e tendem a associá-los a causa de males que a família vem
a sofrer. E resultantes das acusações de práticas de feitiçaria,
as crianças têm como atitude o sentimento de afastamento do
convívio familiar, recorrendo às ruas, procurando por outros grupos ou instituições onde possam se sentir a vontade. Surge aqui o papel das instituições de acolhimento que vêm a ser o último local de paragem destas.
convívio familiar, recorrendo às ruas, procurando por outros grupos ou instituições onde possam se sentir a vontade. Surge aqui o papel das instituições de acolhimento que vêm a ser o último local de paragem destas.
Desde cedo no seio das famílias onde
estas são provenientes cultiva-se uma relação débil pois as
crianças são marcadas com maus tratos desde gritos, "porradas"
e ofensas morais. As acusações são mais frequentes em famílias
extensas, recompostas e monoparentais, o que não retira a ideia de
pensarmos que as nossas famílias promovem uma autêntica anomia e
quanto a actividade destas famílias.
As
crianças não aceitam o rótulo de feiticeiras e, muitas vezes, só
aceitam por sofrerem pressões ou ameaças dos adultos, ou seja,
quando estas são forçadas pelos adultos.
Acontece uma coacção e ela não
tendo como aceita que é feiticeira evitando o pior. Estamos perante
uma situação de falsa acusação, onde o indivíduo passa a ser
visto como desviado pelo resto da comunidade mas que na verdade não
é.
As
crianças acusadas de feiticeiras, por sua vez, vêm os seus
acusadores como desviados. As crianças acusadas de
feiticeiras retribuem o rótulo de desviados aos seus acusadores. É
o duplo sentido do desvio. Elas chegam a criar um ressentimento pelos
seus familiares e uma certa repulsa, pelo que já não sentem prazer
em voltar para estas casas de onde saíram acusadas.
Como
resultado da estigmatização, de que as crianças são alvo, muitas
delas procuram se associar a grupos ou instituições (como grupos de
amigos de rua ou lares de acolhimento) a procura de um melhor
acolhimento e tratamento.
As crianças saem de casa a
procura de um outro lar e o primeiro destes é a rua. Ela procura
livrar-se deste lar que o oprime, no entanto, embora muitas saem logo
e por si mesmas de casa as outras são tiradas pelos próprios
familiares que no fim juntam-se às outras nas ruas ou nos Centros.
De uma forma geral, as crianças,
tanto as que saem por si só de casa como as que são tiradas pela
família, acabam preferindo este novo lugar porque encontram um
ambiente melhor que o das suas famílias. Bom, ainda bem que existem
as Instituições de Acolhimento porque caso contrário a rua seria a
única opção o que as deixaria completamente à margem da sociedade
e, podendo mesmo fazerem carreiras de desviados, embora algumas
fazem.
ESC
Nenhum comentário:
Postar um comentário