sábado, 23 de janeiro de 2016

RESUMO DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EM RH

Matéria resumida de formação e desenvolvimento de Recursos Humanos1[1]

1. A FORMAÇÃO

Para Rocha (1999) a formação define-se como um meio para “aumentar as capacidades das pessoas, sob o ponto de vista profissional em determinado momento da carreira” e acrescenta que os objectivos da formação passam por aumentar conhecimentos, fazer adquirir técnicas e modificar atitudes dos trabalhadores. 
A formação surge para colmatar uma falha (gap) a nível de competências que é determinada pelo diagnóstico de necessidades de formação (Camara, 2001).
Borges-Andrade e Lima (1983) desenvolveram uma metodologia quantitativa de avaliação de necessidades de formação com 3 passos:
·         O primeiro passo passa pela construção de uma lista de competências necessárias ao desempenho de cada função: normalmente esta fase faz-se recorrendo a questionários que deverão ser aplicados a toda a organização. 
·         No segundo passo, deverá fazer-se uma avaliação das competências em função da sua importância e domínio dessas competências: as competências deverão ser avaliadas em função da sua importância para a organização, e o domínio que o inquirido considera possuir dessa competência.
·         No terceiro passo avaliar-se-à a necessidade de formação de cada competência: esta etapa surgiu com o objectivo de colmatar uma falha do sistema, casos onde as competências eram consideradas “muito importantes e muito dominadas” ou “pouco importantes e pouco dominadas”.
Importa realçar que antes de qualquer tentativa ou desejo de definir um plano de formação baseado no Modelo de Gestão de Competências, é importante garantir que se sabe exactamente qual é a situação actual dos recursos humanos de uma empresa, ou seja, saber o que fazem (ou deveriam fazer), para que servem, obrigações que se podem exigir do trabalho destes.

2. A COMPETÊNCIA

Existem várias definições de competência.
Para Spencer e Spencer (1993) definiram competência como uma característica estável e profunda do individuo, que leva a um desempenho eficaz, numa determinada função ou situação.
Para estes autores, existem cinco características das competências: 
i)                     motivação, o que a pessoa quer e que causa a acção; 
ii)                   ii) traços pessoais, respostas e atitudes consistentes perante determinadas situações; 
iii)                  autoconceito, atitudes e valores que definem a pessoa em si; 
iv)                  conhecimento, informação que o indivíduo detém em áreas específicas; 
v)                    perícias, capacidade para desempenhar uma determinada tarefa.
As competências podem ainda as combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional em determinado contexto ou em determinada estratégia organizacional (CARBONE et al, 2005. FREITAS; BRANDÃO, 2005).

Segundo esta perspectiva, o desempenho da pessoa, então, representa uma expressão de suas competências (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001). Por essa razão, alguns autores, como Santos (2001) e Whiddett e Hollyforde (1999), descrevem as competências humanas sob a forma de comportamentos observáveis no trabalho. A competência só se efectiva, quer no âmbito pessoal quer no âmbito organizacional, se for aplicada. Podemos ser muito competentes, ou seja ter o requisito, mas não o aplicar, o que quer dizer não ser devidamente competente.
Deste modo, para a efectivação do uso de competências são necessárias, segundo Resende (2004), três condições: possuí-las, aplicá-las e obter os resultados desejados.

2.2. As várias competências

Competências técnicas em domínios especializados.
Competências essenciais (genéricas) de carácter pessoal e interpessoal, tais como a capacidade de adaptação, de reflexão, flexibilidade, autonomia, iniciativa, liderança, comunicação, trabalho em equipa, controlo emocional, capacidade organizativa, capacidade de decisão e de resolução de problemas, inovação e criatividade, de gestão de conflitos, de negociação, entre outras.
Competências instrumentais, mais específicas, como a direcção de reuniões e de entrevistas ou a gestão da própria carreira, na procura de novas oportunidades de emprego dentro e fora da organização, capacitando o colaborador para a diversidade de situações e oportunidades com que será confrontado.
Competências comportamentais, necessárias nos vários contextos pessoais (como definir objectivos, usar a informação e responder, ser capaz de diagnosticar em matéria de aprendizagem, resolver problemas, tomar decisões, etc.) e interpessoais, como comunicar, actuar em equipa, gerir conflitos, negociar, usar o poder e o comportamento político. 2.2. Outras dimensões de competências

2.3. Competências de grupo e organizacional

Alguns autores associam o conceito de competência não apenas a pessoas, mas também a equipes de trabalho ou mesmo a organizações. É o caso de Le Boterf (1999), para quem em cada equipe de trabalho manifesta-se uma competência coletiva, que emerge das relações sociais que se estabelecem no grupo e da sinergia entre as competências individuais de seus membros.
Prahalad e Hamel (1990), por sua vez, elevam o conceito ao nível organizacional, referindo-se à competência como um atributo da organização.
É possível, então, classificar as competências como humanas ou profissionais (aquelas relacionadas a indivíduos ou a pequenas equipes de trabalho) e organizacionais (aquelas inerentes a toda a organização ou a uma de suas unidades produtivas).

2.4. A gestão por competências e construção de sistema de indicadores para ciclo de políticas públicas

A gestão por competências propõese a orientar esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização – individual, grupal e organizacional –, as competências necessárias à consecução de seus objetivos, conforme explicam Brandão e Guimarães (2001).

A construção de sistema de indicadores é um processo contínuo, que tem como etapa inicial a formulação da estratégia da organização, oportunidade em que são definidos sua missão, sua visão de futuro e seus objetivos estratégicos. Em seguida, são definidos os indicadores de desempenho e as metas, com base nos objetivos estratégicos estabelecidos.

Segundo Carbone e outros (2005), uma vez formulada a estratégia organizacional, torna-se possível realizar o mapeamento de competências, o que constitui a segunda etapa do processo. O mapeamento objetiva identificar o gap ou lacuna de competências, isto é, a diferença entre as competências necessárias para concretizar a estratégia formulada e as competências internas já disponíveis na organização.
É importante ressaltar que, na ausência de ações de captação ou desenvolvimento de competências, por parte da organização, essa lacuna tende a crescer. Isso porque a complexidade do ambiente no qual as organizações estão inseridas faz com que sejam exigidas cada vez mais novas competências. As próprias competências internas, já disponíveis na organização, podem
tornar-se obsoletas com o passar do tempo. Por isso, é fundamental realizar periodicamente o mapeamento e planejar a captação e o desenvolvimento de competências.
O mapeamento de competências tem como propósito identificar o gap ou lacuna de competências, ou seja, a discrepância entre as competências necessárias para concretizar a estratégia corporativa e as competências internas existentes na organização (IENAGA, 1998).
No mapeamento, a descrição de uma competência, portanto, deve representar um desempenho oucomportamento esperado, indicando o que o profissional deve ser capaz de fazer. Esse comportamento deve ser descrito utilizando-se um verbo e um objetivo de ação.

2.4. Principais técnicas de pesquisa e procedimentos utilizados para identificar competências
·         Análise dos documentos que compõem o planejamento estratégico da organização. Essa análise de conteúdo da estratégia organizacional objetiva identificar categorias, descrever objetivamente o conteúdo de mensagens e identificar indicadores que permitam fazer inferências a respeito de competências relevantes para a concretização dos objetivos da organização, conforme sugerem Guimarães e outros (2001).
·         A entrevista é utilizada para cotejar a percepção dos entrevistados com os dados apurados na análise documental, visando identificar as competências relevantes à organização. A entrevista pode ser individual ou colectiva. A colectiva ou grupo focal (focus group). Aqui o entrevistador atua como moderador, estimulando e coordenando a discussão dos participantes a respeito de determinado tema, a fim de obter os dados desejados (MATTAR, 1996). Os grupos geralmente possuem entre 6 e 12 participantes.
·         A observação, segundo Viegas (1999) e Mattar (1996), a observação pode ser do tipo “participante”, quando o investigador atua como se fosse um integrante da equipe de trabalho. Pode, ainda, ser do tipo “não participante”, quando o observador não compõe a equipe, atuando apenas como espectador.
·         O questionário, por sua vez, é talvez a técnica mais utilizada para mapear competências relevantes para um contexto organizacional. A formatação desse instrumento de pesquisa geralmente requer a aplicação prévia de uma ou mais das técnicas já relatadas (análise documental, observação e entrevista), com o objetivo de identificar elementos para compor os itens do questionário.

3. GESTÃO DE CARREIRAS

A carreira é um caminho de maturação, de crescimento em conhecimentos, habilidades e responsabilidades sobre a própria vida.
A carreira hoje não é mais sinónimo de um laço com a organização, mas antes algo que é transferível, dependendo o sucesso dos indivíduos da sua capacidade de transferir competências de uma organização para outra (Kanter, 1989).
A perspectiva vigente neste momento revela que hoje não existe na organização e no indivíduo a expectativa de uma carreira para a vida (Herriot & Pemberton, 1995), tendo esta alteração do conceito de carreira contribuído para o desenvolvimento de novos modelos. A noção da "nova carreira" difere da tradicional, sobretudo pelo facto da responsabilidade da sua gestão ter mudado o foco do empregador para o empregado (Stickland, 1996; Sullivan, 1999).

3.1 Quais as implicações da globalização e mobilidade do talento?
São várias, por exemplo:
Na estabilidade profissional – o emprego para toda vida tornou-se uma miragem. A localização espacial do trabalho tornou-se incerta. A aceleração da mudança repercutiu-se no mercado de emprego e nas competências por ele requeridas. As empresas e organizações foram obrigadas a adaptar-se à mudança, sob pena de extinção.
Na especialização e na qualificação dos profissionais, cujos processos de actualização e reformulação passam a ser permanentes. A aprendizagem (autoaprendizagem) passou a assumir foros de cidadania, tendendo a manter-se e a perpetuar-se como actividade natural de relevante importância para a preservação da identidade humana (aprendizagem ao longo da vida) e da garantia de continuidade na força de trabalho activa. Compreender e acompanhar os acontecimentos correntes não é só um dever, é uma necessidade para estar informado e viver no seu tempo acompanhando o devir da sociedade.

Na rotura de hábitos – as sociedades actuais tornaram-se ávidas da novidade e da procura da diferença, factores básicos de admiração e de expressão do poder pessoal. Sublinha-se que uma e outra foram envolvidas numa dinâmica evolutiva quase esquizofrénica sem horizontes previsíveis. As consequências estão já à vista na angustia e na ansiedade que dominam as sociedades, onde o consumo de sedativos tem disparado.

3,2 O que sigifica “vivemos hoje numa era de conhecimento”?
Significa saber que as competências e os conhecimentos tornaram-se as únicas fontes de vantagem competitivas de longo prazo e a propriedade intelectual é agora determinante para o sucesso ou insucesso de uma organização moderna
Com o desenvolvimento das novas TICs o acesso à informação vulgarizou-se e deixou de ser um privilégio de poucos. A Informação tornou-se rapidamente disponível e a baixo custo. Deixou de ser uma fonte de poder e deu lugar ao Conhecimento.
E na era do conhecimento é necessário:
       Um ambiente de trabalho no qual os colaboradores sejam encorajados a pensar proactivamente.
       Promoção de cultura de trabalho baseada na libertação da “massa cinzenta” e promoção da capacidade analítica dos colaboradores.

       Na Era do Conhecimento será genial quem criar condições favoráveis á manifestação da genealidade latente nas outras pessoas.

4. Ligação entre indivíduo e organização: ajustamentos e divórcios
As pessoas são seres activos no tratamento da informação e a realidade não é um conjunto neutro de factos, antes emergindo como resultado do pensamento e da acção individuais, ou seja, ela é socialmente construída: o conhecimento sobre a sociedade é uma realização no duplo sentido da palavra, no sentido da apreensão da realidade social objectivada e no sentido da construção contínua desta realidade. Este processo vem afinal conferir que a ilusão mais perigosa de todas é a de que existe apenas uma realidade.

4.1. O Efeito Pigmalião e Galateia

Efeito Pigmalião pode ser definido como a melhoria das aprendizagens provocada pelas elevadas espectativas do chefe (ou do formador, professor etc). Se o superior pôr a sua confiança no funcionário e confiar na sua capacidade, isso pode ser um incentivo ao seu desenvolvimento e maior empenho.
Efeito Galateia diz respeito ao aumento das expectativas por parte dos subordinados sendo estas positivamente correlacionadas com o desempenho superior.

Os “cinco” grandes da personalidade
·         Extroversão (estados emocionais positivos)
·         Neuroticismo (estados emocionais negativos)
·         Amabilidade (capacidade de gerir relacionamentos)
·         Conscienciosidade (seriedade de purpósitos)
·         Abertura à experiência  

Socialização Organizacional
“O processo pelo qual uma pessoa aprende os valores, normas e comportamentos exigidos que lhe permitirá participar como membro de uma organização...” A socialização pode ser entendida como um processo de aprendizagem e aquisição de informação sobre: 
Tarefa (requisitos do trabalho)
Papel Social (rede mais alargada relativa à função. i.e. processos de comunicação)
Grupo (equipa / normas de pertença)
Organização (cultura, objectivos e história)

4.2. Cultura: influência na Gestão de Pessoas
A Organização que Aprende
A aprendizagem, portanto, é o meio pelo qual são desenvolvidas as competências profissionais…
As organizações que aprendem são aquelas que desenham e constroem a sua cultura, estrutura e estratégia de forma a potenciarem a ocorrência da aprendizagem. Caracterizadas por:
·         A cultura e os sistemas de avaliação e recompensas valorizam a criatividade e inovação;
·         O conhecimento e informação são disseminados por todos;
·         São aplicados recursos de fomento à aprendizagem (ex. Regra dos 15% da 3M);
·         A estrutura é tendencialmente achatada com delegação de poderes efectiva;
·         O trabalho de equipa é altamente valorizado;
·         As pessoas não têm medo de falhar.

O processo da aprendizagem tem as seguintes fases:
·         Aquisição da informação
·         Assimilação da informação
·         Inocavação
·         Rotinização
·         Ruptura
·         Reequilíbrio



4.3. Incompetência inconsciente

Quando envolvidas em processo de aprendizagem, as pessoas adquirem consciência do que não sabem, isto é, adquirem a consciência da incompetência. À medida que aprendem a executar o que aprendem, tornam-se competentes conscientes – mas apenas durante um dado período. Comefeito, com o decurso do tempo, a recorrência das práticas torna os indivíduos inconscientes da competência. Em essência, é isso que ocorre no termo de alguns anos após tirar a carta da condução: o condutor executa proficientemente as suas actividades sem (necessitar de) ter disso consciência.

Na verdade a inconsciência competente pode se degenerar em inconsciência incompetente.


4,4, Empenhamento (engagement) e burnout

Mowday et al. (1979) definem empenhamento como “a intensidade relativa da identificação de um indivíduo e o envolvimento em relação a uma organização particular. Pode ser caracterizada, pelo menos, por três factores relacionados:
(1) uma forte crença e aceitação dos objectivos e valores da organização;
(2) prontidão em exercer um esforço considerável em prol da organização e
(3) um forte desejo de permanecer membro da organização” 
Becker (1960) descreveu o empenhamento como “uma disposição para tomar parte em linhas de actividade consistentes, como resultado da acumulação de “apostas”, que serão perdidas se a actividade for descontínua”.

Ø  Componentes do empenhamento organizacional
Afectivo, normativo e instrumental.
Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, definido por Herbert J. Freudenberger como "(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional".
A síndrome de Burnout (do inglês to burn out, queimar por completo), também chamada de síndrome do esgotamento profissional, foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos anos 1970.

4.5. Explique o conceito de “Employer Value Proposition.
O Employee Value Proposition (EVP) é a proposta de valor da oferta de trabalho de uma organização. O EVP ajuda a tornar uma companhia atraente aos olhos dos colaboradores e se torna atrativa para futuros profissionais, fundamentada em seus atributos e percepção de valores corporativos – este conceito está atrelado ao conceito de marca e valor de uma empresa. A criação do EVP tem por função detectar em meio a uma oferta escassa de mão de obra especializada as pessoas certas para a proposta de valor de uma determinada empresa. Dentro destes atributos estão contidos valores familiares, clima organizacional, relacionamento com superiores, proposta de entrega de produto ofertado e salário e benefícios.




[1] Ministrada pela professora DRª. Elisabeth Real.
Resumo por mestrando Edgar S. Cajiza

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